sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

A televisão dos nossos tempos

Do meu tempo disponível, dedico algum, normalmente após o jantar, a estar de comando na mão frente a esse aparelho de emissão de raios catódicos, intitulado de televisão.

No entanto, do que tenho visto, há uma quantidade de coisas que me têm saltado à vista.

Primeiro, não tenho televisão por cabo, nem satélite, nem nada disso. Limito-me a ter uma antena normalíssima e a ver os 4 canais de emissão aberta, ditos, os generalistas portugueses.

Logo que se liga o dito aparelho, de certezinha em qualquer um está a dar o quê? Anúncios...

A febre do consumismo está ao rubro... Desde as coisas completamente desnecessárias que anunciam, pelo menos para o comum dos mortais, até às mais essenciais, nada escapa a ter um anúncio feito para a televisão, a entrar-nos pelos olhos a dentro...

No entanto, os nossos (entenda-se, portugueses...) publicitários acho que devem de andar com uma grande falta de inspiração, chegando mesmo alguns dos anúncios a ser ofensivos e extremamente grosseiros...

Basta pensar naquele de uma cadeia de lojas de electrodomésticos, que ofende, quase directamente, quem não vá às suas lojas...

Bem como aquela de um ISP, pertencente a um enorme grupo de telecomunicações português, que recebe a visita de um amigo em casa e que, após uma noite de borga, estão os dois a descansar, quando se ouve um barulho, que não é, nada mais nada menos, do que o amigo a sofrer de flatulência... No entanto, quando eu pensava que não poderia ser pior, passados 2 segundos, o visitado liberta também uma, com um estrondoso barulho, e um efeito tal, que até afasta o lençol que tem por cima de si...

Claro que os há também bem feitos, nomeadamente alguns de uma empresa de telecomunicações móveis, que se preocupa (ou, pelo menos, parece...) em ser diferente nos anúncios que faz, nomeadamente aquele em que retrata o que faz uma libelinha no seu único dia de vida, apelando para vivermos a vida, ao momento.

Bem como muitos outros que não me recordo agora, mas que oportunamente talvez escreva (ou não...) sobre eles...

Ah, é verdade! Também a uma grande probabilidade de, em vez de anúncios, estarem a dar... Telenovelas! Nomeadamente nos 2 canais ditos ‘privados’, no período seguinte ao das notícias das 20 horas.

Não tenho nada contra, mas será que em vez das 3 novelas seguidas que dão (ou 4, nem sei) e darem séries e filmes extremamente interessantes às 2 da manhã, que, ao não ser ao fim de semana, as pessoas que trabalham durante o dia, raramente podem ver, não dão uma destas séries entre novelas?

Será que não há uma melhor maneira de ‘encher’ o horário nobre?

Assim sempre poderia ser que a ‘cultura da estupidificação’, em que as pessoas estão cada vez menos cultas e esclarecidas, andasse um pouco para trás...

Ou será que não convém? Pois, se calhar é isso...

Faço aqui a minha vénia à televisão pública, que cada vez mais tem programas de interesse e que esclarecem as pessoas estando, assim, a fazer uma verdadeira televisão de interesse público.

Mas ainda há outra coisa que me anda a deixar um pouco irritada...

Estão muito bem a referir uma entrevista de uma individualidade qualquer no noticiário, potencialmente interresante, vou eu a correr para o pé da tv, quando dão apenas um excerto, que nem 2 minutos tem, referindo que esta pode ser vista na sua totalidade num qualquer canal do mesmo grupo, mas que apenas está disponível na televisão por cabo!

Afinal há cidadãos de 1.ª e de 2.ª (como se não soubéssemos já, não é?). Ou seja, se queres saber o que se diz entrevista, pagas mais de 20 euros por mês a uma empresa de televisão por cabo, e assim já vês tudo...

As pessoas que não podem ou, no meu caso, não querem, ter televisão por cabo não merecem ver esses programas e entrevistas que são largamente anunciados nas televisões generalistas, tipo, para ficarmos com água na boca e depois, nada?

Ou será que só interessa ter programas que não obrigam a pensar muito? Sim, porque como um cérebro é como um músculo, absorve mais informação e depois ficamos demasiado inteligentes.

O que, diguemos, não convém a muita gente....

Tenho dito.

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